Enciclopédia de Popularização da Ciência
A ciência ampla, entendível e verdadeira é aliada da humanidade
“Sua avó entende a sua tese?” Há alguns meses, essa foi uma das falas mais reproduzidas nas redes sociais, trazendo questionamentos acerca da linguagem acadêmica. Na sociedade em que vivemos, pessoas mais idosas comumente não tiveram oportunidades de cursar um ensino superior, pois o acesso era (e ainda é) bastante elitizado. Neste sentido, a leitura de um texto acadêmico fica, muitas vezes, incompreensível.
Pensando nisso, como fazer com que a ciência que produzimos dentro das instituições chegue de forma acessível para todos?
No quinto episódio da série Conhecer Ciência Hoje, Erica Mariosa nos fala sobre uma área muito importante que ,além de se relacionar com o exemplo que demos, se relaciona também com o que fazemos aqui no LIPciência. Estamos falando da Divulgação Científica!
Erica é Relações Públicas, jornalista científica e mestre em Divulgação Científica pela Unicamp, área a que se dedica há mais ou menos vinte anos. No vídeo dessa semana, ela explica sobre a importância da divulgação científica para o acesso à informação, sobretudo em um momento em que as fake news estão tomando a cena.
Sabemos que o conhecimento científico das instituições sempre esteve centralizado nas mãos de quem tinha fácil acesso a eles, não sendo amplamente divulgado para quem não habitava esses espaços. Com a ampliação das mídias isso começou a mudar, e hoje qualquer pessoa com acesso à internet consegue acessar às mais diversas informações e fontes de conhecimento. Mas seria assim tão simples? Basta ter um celular na mão para tomar conhecimento de qualquer área que se deseja?
Para responder a esses questionamentos dois pontos precisam ser considerados. O primeiro se relaciona com o que já citamos aqui: nem toda informação chega de forma acessível para todos. Se alguém da área de Física, por exemplo, tentasse ler um artigo acadêmico sobre Análise do Discurso, dificilmente compreenderia. Assim como alguém que é de Letras, por exemplo, não entenderia os termos técnicos de uma equipe de segurança da Universidade. Para que as diferentes formas de ciência se conectem e cheguem a todos, é preciso lançar mão de uma espécie de tradução desses saberes.
O segundo ponto a ser considerado é o das famigeradas fake news. Assim como existe o fácil acesso às informações, existe também a facilidade de se disseminar qualquer tipo de informação, seja ela verificada ou não, de fonte confiável ou não. E como saber se o que está na internet é verdade, afinal?
Bem, aqui entra a importância da Divulgação Científica, que significa, em resumo, tornar um campo de saber mais acessível para todos os públicos, para pessoas que nunca ouviram falar, não tiveram acesso ou que nunca se interessaram por saber mais sobre determinada área. Assim, a Divulgação Científica possibilita o acesso aos mais diferentes modos de ciência e ajuda para que informações verificadas estejam à disposição de todos.
“A importância de fazer divulgação científica é você dar oportunidade para as pessoas de conhecer mais sobre ciência e ter mais chances de conseguir usá-la para tomar as suas decisões no dia a dia.”
Como exemplo disso, Erica reflete sobre o problema das vacinas. Com tanta desinformação, muitas pessoas passaram a acreditar em teorias infundadas que colocam as vacinas como um grande malefício, levando ao retorno de doenças que já haviam sido erradicadas, como o sarampo.
A ciência não é nossa inimiga ou adversária, e sim nossa aliada, estando a serviço da humanidade e nos ajudando a fazer escolhas melhores. Afinal, a ciência não está separada da vida.
Com a pandemia de Covid-19, as vacinas que estão surgindo também se tornaram tema de notícias falsas. É fato que temos mais de uma opção de vacina para o vírus que nos atormenta, já que cada umas delas de um país diferente e possui porcentagens diferentes de eficácia contra o corona vírus, mas o que mais nos chama a atenção nesse momento são as desinformações sobre o que a vacina poderia causar, como por exemplo, a injeção de um chip de rastreamento no sangue (?!).
Devemos questionar: o que ganham esses desenvolvedores de notícias falsas? Estão a serviço de quem? E qual o seu objetivo? De uma coisa sabemos: não estão agregando para o nosso benefício. Pelo contrário, estão contribuindo para o malefício de toda a sociedade, desrespeitando a coletividade e agredindo a harmonia.
Precisamos estar atentos a afirmações assertivas demais sem experiências comprovadas e, muitas vezes, até mesmo sem uma fonte. Essa atenção será importante para enxergarmos as diferentes formas de ciência, que nos ajudarão a nos proteger. Por isso, podemos enxergar o trabalho de um divulgador científico como fundamental, pois é através dele que podemos ter acesso às ciências produzidas nos diferentes espaços que estão, normalmente, fora do nosso alcance.
E é entendendo essa importância que hoje há diversos blogs e perfis nas redes sociais com o objetivo de divulgar a ciência de diferentes áreas. Um exemplo disso é o Mindflow, blog da Unicamp pelo qual a nossa convidada Erica é responsável. O site discute divulgação científica, explicando, por exemplo, como divulgar, e debate também sobre diferentes assuntos da atualidade.
O trabalho do divulgador científico é o que possibilita que a sua avó e outras pessoas também tenham acesso e consigam entender a ciência produzidas nas academias, e assim compreender a importância e necessidade do fazer científico.
Texto e Vídeo originalmente publicado no: https://medium.com/subalternidade/qual-a-import%C3%A2ncia-de-se-divulgar-ci%C3%AAncia-hoje-366a736e488e